domingo, 15 de junho de 2008

SAUDADES ANTECIPADAS

Somente um intercâmbio amadurece um homem. Na verdade, não é o intercâmbio exatamente, mas a distância de casa. É a ausência da família e amigos. É a solidão que desperta as reais importâncias da vida.

Hoje eu costumo dizer que, diferente da pobreza dos olhos que só vêem o que está à vista e na dependência da luz, o coração possui a grandeza de enxergar melhor na obscuridade e solidão. O que, de fato, é sábio, pois, de longe e na escuridão, fica mais difícil de se enganar pelas aparências.

Poucas vezes senti-me tão ansioso por voltar para casa. Mas, por outro lado, poucas vezes senti-me tão nostálgico por partir. Quando a gente muda, a vida muda com a gente. Firmam-se novas amizades, constrói-se nova família, aprende-se que o homem não é imutável e, sobretudo, que umas das grandes virtudes que possuímos é a de nos adaptar as mais diversas situações.
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Hoje faltam onze; amanhã, dez; depois, nove, oito, sete... e, então, lar, doce lar. O abraço do pai, o beijo da mãe, o sorriso dos irmãos e as traquinagens dos sobrinhos. E, ao chegar, cantarei bem alto: “...cantar sempre que for possível, não ligar pros malvados, perdoar os pecados. Saber..que nem tudo é possível, se manter respeitado pra poder ser amado...”
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Ainda em Porto, claro, ao sair pelas ruas já sinto a saudade a latejar-me. A amargura de olhar para os lados e saber que uma história está se acabando. Já sinto falta de ir à varanda, para saber que tipo de roupa vestir; de ir ao Pingo Doce, fazer a feira da semana. De ouvir as repetidas frases dos metros e autocarros; e, sobretudo, das peripécias entre os amigos. Demorou, mas, aqui, senti-me em casa. E estou a partir. Mas posso prometer que, em breves momentos, estarei eu por cá.

2 comentários:

Anónimo disse...

Everson,

Brevemente vc estará em casa, no "Paraíso das Águas" como dizem.
Tu vai fazer falta aqui meu camarada e quando eu puder irei te visitar em Maceio, meu amigo.
Seja feliz em seu retorno.
Abraço,

Diogo

Unknown disse...

Pois é, vossa excelência, senhor Geronimo (sem acento) Vieira... estão transcorrendo os últimos dias dessa sua aventura aqui por terras lusitanas! Sei que nem tudo foi fácil, que várias adversidades te surgiram, que as saudades de um lugar maravilhoso como aquele de onde vieste e de todos que te são queridos te consumiram amargamente em todo este percurso... mas sei também que houve o lado bom!!! Como sei que guardarás boas lembranças dos teus melhores momentos aqui pelo Porto, com teus novos amigos, "tua nova família", como tu mesmo dizes...!

Da minha parte, espero ter ajudado um pouquinho só nestes tempos, e se um pouco o fiz, muito mais recebi em troca: acima de tudo, o respeito e a amizade de uma das melhores pessoas, de melhor essência e com maior propensão para fazer grandes amigos que já conheci em toda a minha vida.

Por isso, e também antecipadamente, muito obrigado, seu Everson!!! Se tens uma nova família portuguesa, espero ser admitido (com alguma boa vontade da tua parte...) como um dos teus mais novos irmãos! Para mim será, sem dúvida, uma enorme honra!!! :-)