Sempre me perguntei o porquê de as pessoas sofrerem por amor. Na maioria dos casos elas sabem que não estão com a pessoa certa. Mas, aconteça o que acontecer, elas ainda preferem estar com a pessoa errada. A verdade é que não é fácil olhar nos olhos de quem se ama e dizer adeus. E, até que esse dia finalmente chegue, muitas lágrimas já foram derramadas e muito tempo jogado ao lixo.
Para os mais sortudos, o amor surge de maneira inexplicável e dá certo. Para outros, o amor começa a secar até não mais existir. Nas idas e vindas, alguns amores se perdem e se reencontram. Mas, nessas variedades, também há um amor mais rude. Um amor que sufoca e mata: o amor mal correspondido. Pior, até, do que o amor não correspondido, pois no amor não correspondido as expectativas rapidamente se acabam.
No amor mal correspondido, você não se sente bem e não confia na pessoa amada. Com a convivência, você percebe que não há sintonia, que não há ternura, mas você espera estar enganado. E sempre que a pessoa faz algo que você reprova, você ignora. Mas, sempre que ela age bem e o surpreende, ela o reconquista. Então você esquece a idéia de que ela não serve para você e novamente acredita que tudo pode dar certo.
Porém basta um piscar de olhos e ela volta a feri-lo, fazendo você se sentir a criatura mais insignificante do universo. Você chega a sentir dores em lugares que nem imaginava existir. E não importa quanto tempo você passe jogando bola, quantas taças de vinho você tome ou quantas horas você gaste na academia, que você ainda vai para a cama pensando no que fez de errado para aquilo estar acontecendo.
Dia a dia, a ferida cresce e cresce. Tudo parece perdido, sempre. Mas quando você pensa que o jogo acabou, já nas prorrogações, você descobre um outro tipo de amor que nem imaginava existir. Um amor mais lento e menos pretensioso. Um amor doce: o amor próprio. E depois de lágrimas derramadas e muita dor no coração, você, finalmente, aprende a se amar. E, apenas se amando, você olha fixo nos olhos de um amor mal correspondido e diz: acabou. A partir daí, você se libera. Desprende-se de qualquer mancha na alma e começa a enxergar o mundo com outra visão. Então você começa a ser feliz. E descobre que não há amor maior do que o seu próprio amor.
Everson Geronimo Vieira Belo