quinta-feira, 9 de agosto de 2007

RIO DOURO
  • Arrepio. Um arrepio combinado com o marejar dos olhos. Uma sensação única de prazer resultante da mais bela vista já apreciada ao longo de uma vida.
  • A emoção de cruzar o Rio Douro é, sem dúvidas, indescritível. Sozinho, sem rumo e sem grandes conhecimentos sobre os ares portugueses, ainda assim posso dizer que a cada esquina deparo-me com visões de beleza extravagante, desenvolvimento, equilíbrio e organização. Porém, jamais cheguei a pensar que, no mundo, pudesse existir uma paisagem de beleza surpreendentemente irretocável.
  • Sentado no banco do metrô, caminhava desiludido em busca de distração e divertimento. Sem expectativas, conduzia-me mais pelo condicionamento do que pela vontade de apreciação. Afinal, a intenção era jogar o tempo no lixo, pois estar só não me anima.
  • Contudo, uma vista impressionante de um misto entre o natural, o arcaico e contemporâneo fez-me bambear as pernas e sentir uma emoção intraduzível. Atravessar a Ponte D. Luis I, cruzamento do Rio Douro entre a estação Jadim do Morro e Estação São Bento, foi marcante. Do tipo que jamais esquecerei. A vontade que sentimos é de saltar trilho à fora, mesmo quando ainda nos encontramos em pleno movimento.
  • Os segundos seguintes, cerca de 10 ou 15, até a o final da estação chegam a ser massacrantes. Cara de criança, boca aberta, olhos arregalados, arrepio dos pés à cabeça unido a outros pormenores, faziam-me parecer um pinto no lixo. Também pude observar que eu não era o único abobalhado. Ali, estávamos eu e mais outros vários pintos.
  • O rio fatiando a cidade, unido à bela arquitetura portuguesa, transforma o Porto em uma cidade de beleza inigualável. Não é para menos que se trata de uma cidade patrimônio histórico da humanidade. Certamente, o Porto teve um capricho divino. Um toque sutil de leveza e requinte.
  • Estou no Rio Douro, assim pensei. Há poucos dias, isso não passava de um sonho inatingível e agora estou tendo o prazer de concretizá-lo. Sentei-me à beira do Douro, vocês sabem o que é isso? Pois é, morram de inveja! (Risos) Brincadeiras à parte, bom seria se todos tivessem a oportunidade dessa realização.
  • Hoje, mais confortável, agradeço a Deus por essa incrível experiência de aprendizado, crescimento e profissionalização, pois tenho certeza de que aqui na Europa encontrarei os lugares mais fascinantes que catalogarei ao longo de minha existência.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007


TRISTE DESILUSÃO
  • Ao contrário do que pensei, a primeira impressão é a pior possível. O que parecia um sonho virou pesadelo e acabou com qualquer expectativa de uma história feliz. Hoje, estou apredendo o que é solidão. Sentindo na pele a crua dor de olhar para os lados e saber que não há nada, nem ninguém.
  • Mas o pior é saber que isso é apenas o começo. Com o passar dos dias meu mundo tende a desmoronar mais e mais e, confesso, não sei até quando suportarei essa triste situação.
  • Neste exato momento, estou sozinho. Como diria um bom brasileiro "sem eira, nem beira", descobrindo a insuportável dor de ficar só de verdade. Quanta ironia! Meu maior medo, a solidão, encara-me frente a frente, valendo-se de armas ilícitas que me atacam a cada segundo com flashes de boas recordações.
  • 48 horas de saudades. 48 horas de angústia, dor e tristeza. Mas, no fundo, apenas 48 míseras horas, diante das 8.736 que terei que suportá-las.
  • Sem alternativas, resta-me trapacear minha dor. Afinal, amadurecer nada mais é do que tirar proveito de toda e qualquer situação.